Doe Agora!

A mulher negra sabe que tem um longo caminho

Os mais altos cargos brasileiros continuam pouco acessíveis para quem é mulher, pobre e negra.


A mulher negra sabe que tem um longo caminho

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Artigo de Alexandra Baldeh Loras*, consulesa da França no Brasil, em homenagem ao dia da mulher africana (31 de julho).

O Brasil não tem do que sentir vergonha. De fato, raros são os países que podem se vangloriar de ter elegido sucessivamente à presidência – e por dois mandatos consecutivos - um filho de analfabetos e uma mulher, confiando também a liderança do Supremo Tribunal Federal a um negro.  Por outro lado, tendemos a esquecer de que quatro ex-presidentes do Brasil eram afrodescendentes: Nilo Peçanha, Campos Sales, Rodrigues Alves e Washington Luís.

Nestes casos, falar de um milagre brasileiro não é fazer mal uso desta expressão. Porém, e apesar de outras trajetórias exemplares como a de Marina Silva, os mais altos cargos brasileiros continuam pouco acessíveis para quem é mulher, pobre e negra.

Assim, a condição da mulher negra no Brasil parece não ter tirado proveito do formidável progresso social que a sociedade brasileira conquistou desde a volta da democracia.

Toda a população, e particularmente as classes sociais mais desfavorecidas, sem dúvida se beneficiou do boom econômico dos últimos 15 anos. As mulheres negras, especialmente atingidas pela pobreza, não foram excluídas deste progresso. Mas as estatísticas mostram que a sociedade brasileira continua ainda dominada pelos homens: as mulheres representam somente 6% dos conselhos de administração no Brasil. E, ser negra, parece duplamente prejudicial à mulher: em um país em que é negra mais da metade da população, somente são negras 1% das advogadas e menos de 1% das médicas.

A história, a escravidão e as condições socioeconômicas explicam objetivamente esse desmantelamento persistente da condição da mulher negra no Brasil.

A estas explicações se agregam fatores psicológicos que também freiam a evolução da condição da mulher negra e a mantém no status de uma cidadã de segunda classe (ou até de terceira classe, uma vez que os negros, independente de seu gênero, já ocupam esta segunda classe de cidadão) com muitas nuances; é como se, para muitos no Brasil e em outros lugares, a mulher negra permanecesse antes de tudo, se não como um objeto erótico, uma mulher para fins reprodutivos, condenada a educar sozinha seus filhos de pais múltiplos e às vezes desertores, e proscritas a empregos menos gratificantes e pagos com salários mais baixos.

Uma vez mais, percursos individuais brilhantes podem ocultar esta realidade ou menos dissimular sua amplitude.

Mas todos os estudos infelizmente apontam para a mesma direção: as chances de crescer na sociedade são reduzidas quando somos mulher e negra.

São culpados pela situação os preconceitos, o conservadorismo desta ordem social estabelecida; as mídias também, que veiculam sem questionamentos esta imagem caricatural de uma mulher negra vestida em trapos, em uniforme branco ou, nos melhores dos casos, em rainha seminua de bateria de escola de samba.

Mas são culpados também aqueles que reproduzem esse tipo de conduta e a falta de formação uma vez que a proeminência da história se transforma em resignação e submissão, impedindo à mulher negra de se projetar de outra forma e cada vez mais alto, ao invés de transmitir este sentimento de auto-depreciação até aos seus filhos.

Elas poderiam, contudo, explorar a lista de personalidades femininas, intelectuais e negras (que apresento ao final deste artigo) como fonte de inspiração atual para reconquistarem sua autoestima e assim também desconstruir a narrativa atual na qual a mulher negra é muitas vezes representada nas mídias audiovisuais a través de sua “inteligência física”: esportista, dançarina, cantora, empregada doméstica, amante de um homem casado... Nós devemos desconstruir e amenizar estas crenças para dar lugar a nosso potencial intelectual e a nossos talentos que têm que poder se expressar em todos os espectros da sociedade.

Mas esse não é um quadro só negativo e há esperança. As mentalidades evoluem e os comportamentos mudam. Os progressos são reais. As mulheres negras têm a taxa de presença em universidades que mais aumentou nos últimos dez anos (+58%), com todos os efeitos positivos que este movimento irá gerar.

Para retomar a expressão que Irene Natividade usa a respeito das mulheres, eu diria: “as mulheres negras, nós não estamos onde gostaríamos de estarmos, nós não estamos onde deveríamos estar, mas também não estamos mais onde nossas ancestrais estavam”.

Porém, se progressos reais foram alcançados, resta um longo caminho a percorrer. É o dever da sociedade, de forma coletiva, e o dever em especial dos atores e das instituições que podem melhor fazê-la evoluir, mas é também o dever das mulheres negras de se levantarem individualmente para fazerem valer seus direitos.

É tempo para as mulheres afrodescendentes no Brasil de “ter um sonho”, como Martin Luther King. E de realizá-lo.

(*) Alexandra Loras é francesa, filha de pai africano. É consulesa da França em São Paulo, ativista do movimento social e membro do Conselho África do Instituto Lula.

- Teresa de Benguela :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Teresa_de_Benguela




- Antoinieta de Barros :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Antonieta_de_Barros




- Benedita da Silva :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Benedita_da_Silva



- Janete Rocha Pieta :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Janete_Rocha_Pietá





-Jurema Batista :

www.youtube.com/watch?v=s8agaOvWGKU




- Rosario Bezerra :

www.teresina.pi.leg.br/pagina/vereador?id=18



- Maria Olivia Santana :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Olívia_Santana




  • Luciana lealdina de Araujo :

https://books.google.com.br/books?isbn=8574582255



  • Lelia Gonzales :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lélia_Gonzalez

https://www.youtube.com/watch?v=jDz8xFII544



  • Sueli Carneiro :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sueli_Carneiro

https://www.youtube.com/watch?v=UO_JWau8R7E


- Beatriz Nascimento :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Beatriz_Nascimento

https://www.youtube.com/watch?v=-L6IUfOBZAQ





- Jurema Wernec :


- Cidinha da Silva :

cidinhadasilva.blogspot.com


- Djamila Ribeiro :

http://blogueirasnegras.org/author/djamila-ribeiro/

http://www.contee.org.br/blogosfemea/index.php/2014/02/as-25-negras-mais-influentes-da-internet-25webnegras/#.VbfOOuT7vtQ


- Jarid Arraes :

jaridarraes.com 


- Aline Djokic :

http://blogueirasnegras.org/author/aline-djokic/]


- Aline Ramos :

http://blogueirasnegras.org/author/aline-ramos/




  • Carolina de Jesus :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Carolina_de_Jesus

https://www.youtube.com/watch?v=mLkJy86VU84



- Conceicao Evaristo :

http://blogueirasfeministas.com/2011/11/conceicao-evaristo/


- Ana Maria Goncalves :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_Maria_Gonçalves


- Ruth de Souza :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ruth_de_Souza

https://www.youtube.com/watch?v=aVauImGNUSc


  • Raquel trindade :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Raquel_Trindade




- Livia Calmon : 

jornalista na tv globo


- Elisa Lucinda Campos Gomes :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Elisa_Lucinda


- Marina Silva :

https://fr.wikipedia.org/wiki/Marina_Silva


  • Joyce Silva :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Joice_Silva


- Enedina Alves Marques :

http://blogs.odiario.com/comunidadeafroemacao/2012/03/08/a-mulher-negra-do-parana-engenheira-enedina-alves-marques/


- Arany Santana :

http://www.bahiaja.com.br/imprimir_noticia.php?idNoticia=30882


- Renata Felinto :

https://afroretratos.wordpress.com/renata/


- Zézé Motta :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Zezé_Motta




- Theodosina Ribeiro :

http://primeirosnegros.blogspot.com.br/2009/08/n1-na-politica-paulista.html


- Luislinda Valois :

https://pt.wikipedia.org/wiki/Luislinda_Valois


- Eunice Aparecida de jesus Prudente :

http://direitousf.blogspot.com.br/2009/11/eunice-aparecida-de-jesus-prudente.html


- Ivone Caetano

http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-05-26/primeira-desembargadora-negra-do-tribunal-de-justica-denuncia-racismo.html

IvoneFerreiraCaetano_OGlobo-GustavoStephan_26-05-2014

- Thais Araujo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ta%C3%ADs_Ara%C3%BAjo

tais-araujoaaa1

- Glória Maria

https://pt.wikipedia.org/wiki/Gl%C3%B3ria_Maria

200px-Gl%C3%B3ria_Maria%2C_2014

- Jéssica Ipólito

http://gordaesapatao.com.br/

11751774_10206493843605789_7943193229333870654_n

- Mãe Menininha

https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3e_Menininha_do_Gantois

200px-Mae_menininha

- Clementina de Jesus

https://pt.wikipedia.org/wiki/Clementina_de_Jesus

200px-Clementina_de_Jesus

- Luisa Mahin

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADsa_Mahin


mulher6

- Antonieta de Barros

http://www.palmares.gov.br/?page_id=8258

Foto: Divulgação

- Nilma Lino Gomes

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nilma_Lino_Gomes

Nilma-Gomes-foto-J%FAnior-Panela-21

- Matilde Ribeiro

https://pt.wikipedia.org/wiki/Matilde_Ribeiro

ANd9GcSBW-p4nimtaWiks7SSNO7nnroYbEGcM1nr14ZuFUSiN2VmO2UL2g

- Negra Li

http://www.negrali.com.br/

thumb-negra-li

- Luana Hansen

http://blogueirasnegras.org/2013/08/30/entrevista-luana-hansen/

http://i.ytimg.com/vi/UWe4d_5FQjg/maxresdefault.jpg

- Maju

https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_J%C3%BAlia_Coutinho

41bb58e4-8b84-48db-bdb2-c585f7027550

- Marta

https://pt.wikipedia.org/wiki/Marta_(futebolista)

ANd9GcTLbU-0eCIyy7Zbkg6XVocAL_ca_58JV_vkw0jiVs0Nc477u2cj

- Leci Brandão

http://www.lecibrandao.com.br/

Leci_Oficial_edited-1_1181_1691

- Fabiana Claudino

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fabiana_Claudino

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f8/Fabiana_Marcelino_Claudino.jpg/220px-Fabiana_Marcelino_Claudino.jpg

RECOMENDADAS PARA VOCÊ