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Brasil da Mudança: A filha da empregada vai virar doutora

Gisele Borges, negra e nascida na periferia. é beneficiada pelo programa Ciência Sem Fronteiras e hoje faz doutorado na França


Brasil da Mudança: A filha da empregada vai virar doutora

Gisele Borges hoje faz doutorado na França. Foto: Arquivo Pessoal

As políticas públicas de inclusão dos governos de Lula e Dilma Rousseff ajudaram a mudar a realidade de milhões de mulheres brasileiras nos últimos 13 anos. É o caso da publicitária Gisele Borges, filha de um eletricista e de uma empregada doméstica, que cresceu na periferia de Porto Alegre (RS) e viu no programa Ciência Sem Fronteiras a oportunidade de realizar o seu sonho: estudar em uma das maiores universidades do mundo.

Hoje, ela é doutoranda na universidade Sorbonne Cité, em Paris. "Sei da importância da política pública na minha vida e na vida das pessoas. Obrigada, Lula, por esse investimento. São as pessoas que vão transformar o nosso país", acredita Gisele.

A publicitária conta que entrar na universidade sempre foi um sonho, mas era algo muito distante por conta da baixa condição financeira de sua família. "Fui desencorajada em função dos altos custos da universidade privada e das dificuldades de entrar na universidade pública. Mesmo assim, não desisti", diz Gisele, que após fazer um curso técnico e trabalhar como técnica de Enfermagem por um ano, foi atrás de seu sonho.  

"Decidi fazer vestibular para Publicidade, sem contar para ninguém. Passei no vestibular e consegui uma bolsa de estudos. O que me permitiu cursar a faculdade que tanto sonhava. Os anos de faculdade foram duros e intensos. Trabalhava o dia todo e quase não encontrava minha família. Porém, sou motivo de orgulho de todos da família", afirma Gisele, emocionada.  

Filha mais velha de uma família de quatro filhos, Gisele relata que cresceu em uma das regiões mais violentas de Porto Alegre, no Conjunto Habitacional – Rubem Berta, e perdeu muitos amigos que cresceram com ela para a violência. Apesar das dificuldades, Gisele afirma que as políticas públicas de inclusão dos últimos 13 anos ajudaram a mudar muitas vidas em seu bairro.

"A desigualdade social do Brasil segrega e indiretamente define o seu futuro. Acredito que faço parte da exceção, porém não estou sozinha. As políticas públicas de inclusão social da última década mudaram a vida de muitas pessoas naquele bairro. E essa mudança contribuiu para reconstruir a esperança do lugar e, mesmo com as dificuldades do cotidiano, fazer a vida das pessoas avançar", afirma.

Sua trajetória acadêmica internacional começou em 2011, quando Gisele foi aprovada no mestrado na Sorbonne Nouvelle, em Paris. Por lá, ela lembra que os dois primeiros anos foram bem difíceis. "Eu trabalhava nove horas por dia durante a semana, e nos finais de semana trabalhava em um hotel", conta.

Após concluir o mestrado, Gisele foi convidada a fazer seleção para o doutorado, mas não tinha como financiar seus estudos. Foi então que o programa Ciência Sem Fronteiras fez toda a diferença e ajudou a realizar mais um sonho. "Nesta época, recebi um email de um grupo de pesquisa do Brasil com os editais do Cnpq. Resolvi participar do Edital. Enviei a documentação necessária e algum tempo depois fui selecionada".

Muito além das fronteiras
Graduação ou pós-graduação numa das melhores universidades do mundo não é apenas um sonho a ser realizado pelos milhares de jovens contemplados pelo Ciência Sem Fronteiras. É também uma oportunidade para o desenvolvimento da indústria, da economia e da pesquisa no Brasil. O benefício, ameaçado pela política de cortes do atual governo, permite que os jovens, ao retornarem ao país, tragam novas ideias e experiências. E ajudem o Brasil a ultrapassar fronteiras.

Pesquisadora na área de comunicação pública e mídia independente, Gisele acredita que a comunicação de qualidade é um direito de todo o cidadão. "Meu sonho é contribuir para a elaboração de um Sistema Comunicacional mais justo e independente, que atenda aos interesses da população e não das empresas", acredita Gisele, provando que hoje a filha da empregada doméstica pode, sim, ser doutora.

Para conhecer a revolução no ensino superior que ajudou a mudar a vida de muitas mulheres no Brasil, acesse o site do Brasil da Mudança​. 

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