11/10/2018 19:10
Talvez você tenha vivido situações como a atual. Nos anos 1960/70, nós não tínhamos algo que parecia ser a mais lógica e a mais óbvia das certezas: a segurança de viver num país democrático.
Não havia eleições. Todos sabiam de algum conhecido, de algum amigo, de algum parente que fora detido, preso ou forçado a sair do país. Alguns foram mortos.
Foi um tempo de terror de Estado. Fomos impelidos a lutar por direitos básicos. O de falar, o de participar, o de se reunir, o de escrever, o de protestar e o de reclamar, enfim. Não havia permissão para fazermos o óbvio.
Pois o óbvio está em risco novamente. Não importa se você denomina a queda de Dilma Rousseff de golpe ou de impeachment. Ficou claro ali que a acusação não parava em pé, não havia indício, não havia prova, não havia nada.
O país piorou desde aquele fatídico abril de 2016. Você também não precisa gostar de Lula ou do PT para perceber isso. A recessão se aprofunda, o país regride e há muito mais gente sem emprego e dormindo nas ruas.
A prisão de Lula segue o mesmo caminho. Fizeram uma leitura tortuosa da Constituição, farejaram provas e só encontraram convicções. Os juízes, novos heróis da Pátria, espremem a letra da Lei para justificar essa brutalidade.
Chegaram a impedir um padre, um prêmio Nobel e uma ex-presidente de visitá-lo. O homem que está à frente em todas as sondagens de opinião, o único brasileiro de dimensão global, é um preso político colocado numa solitária.
Em 1964, uma situação que aparentava tocar apenas a alguns atingiu muita gente. E intelectuais, artistas e povo se uniram, foram às ruas. O mundo da cultura se levantou contra o arbítrio.
Vivemos um desses momentos e por isso fazemos esse chamado. É preciso de novo lutar pelo óbvio.
Como resistir? Há várias formas; uma delas participando do Leilão Artes Plásticas pela Democracia, cuja renda será destinada à sustentação da defesa do ex-presidente Lula e à manutenção de seu Instituto. Ambos estão em risco, sob um cerco “legal” que pretende inviabilizá-los.
Faça parte da resistência. Doe uma obra, participe do leilão que entrará para a história por defender o Estado de direito em nosso país. Ou simplesmente o óbvio.