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Complexo de Saúde é chave para desenvolvimento

Sistema produtivo do setor tem maior potencial da entrada do Brasil na quarta revolução tecnológica voltada à inclusão social, sustentabilidade ambiental, ao bem-estar


Complexo de Saúde é chave para desenvolvimento

Reprodução

Sistema produtivo do setor tem maior potencial da entrada do Brasil na quarta revolução tecnológica voltada à inclusão social, sustentabilidade ambiental, ao bem-estar

O Complexo Econômico Industrial da Saúde (Ceis) é uma construção viva e pode ser a chave para o desenvolvimento nacional. Este foi o centro do debate do Gate Papo dessa quarta-feira (10). O economista Carlos Grabois Gadelha, coordenador do Grupo de Pesquisa de Inovação em Saúde (GIS), da Fiocruz, falou sobre a força da saúde e os avanços na conceituação do Ceis. “Ela se inicia há 20 anos na Fiocruz, numa junção de uma visão de economia política com pensamento sanitário. E com a pandemia está escancarada essa relação intrínseca entre economia e saúde”, diz, mencionando as vacinas. “Hoje são o segundo grupo competitivo de todo mercado farmacêutico. Só perde para a área de câncer.”

Assim, a proposta do complexo é um espaço econômico decisivo para a soberania nacional. “O que a gente mobiliza na economia no campo da saúde envolvendo vacinas, equipamentos, medicamentos, biotecnologia, todo campo dos serviços que vai da atenção básica até a atenção de altíssima complexidade, são arranjos produtivos, unidades econômicas. Isso mobiliza um sistema econômico poderoso que talvez seja uma das grandes chaves para o desenvolvimento brasileiro ser um pouco diferente”, avalia o pesquisador.

“O Ceis rompe um certo paradigma que dividia o campo das políticas sociais do campo da política econômica”, afirma Gadelha. “A saúde representa 9% do PIB. Tem de chegar a 12%. O financiamento público está em 4% e tem de ser de 7%. Não tem nenhum sistema universal que não tenha financiamento público de pelo menos 7% do PIB”, relata, lembrando que são 9 milhões de empregos diretos no setor, que podem chegar a 25 milhões entre diretos e indiretos. “Estamos falando de uma grande aposta de desenvolvimento nacional e talvez de sistemas produtivos que têm o maior potencial da entrada do Brasil na quarta revolução tecnológica subordinada e voltada para a inclusão social, o bem-estar e a sustentabilidade ambiental que também dialoga com a saúde. Um novo padrão de desenvolvimento.”

Situação dramática

O economista destaca que o sistema de bem-estar, a área da saúde, tem de ter uma base econômica e material. “Sem o que não se garante o bem-estar da população. Sem o quê a gente fica com o SUS de joelhos.”

Gadelha reforça que a situação da Saúde é dramática. “Com nossa dependência em importações em saúde chegam a 20 bilhões de dólares. Um orçamento inteiro do Ministério da Saúde sem gerar um emprego ou uma renda no Brasil. Com a covid explode. E como temos uma série de outras doenças represadas, é uma situação estrutural que, se a gente não enfrentar, vamos ter um Sistema Universal na Constituição e não teremos uma base econômica e material do nosso próprio SUS para podermos nos desenvolver.”

O pesquisador da Fiocruz aposta na força do Complexo Industrial da Saúde, que tem mais de 40 pesquisadores no projeto, para alterar esse quadro. “Faria parte de um programa emergencial de geração de emprego e renda. A área do cuidado vai crescer. Se a gente quiser garantir acesso universal, a Saúde vai para 14% do PIB brasileiro, uma área altamente intensiva em emprego.”

Participam do Gate Papo com Carlos Gadelha o doutor em Economia Jorge Abrahão de Castro, integrante do Grupo de Acompanhamento de Temas Estratégicos (Gate) do IL; a mestranda do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE-Unicamp) Ana Paula Guidolin; e a presidenta do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro (Corecon-RJ), Flavia Vinhaes Santos. Acompanhe:


Leia o Boletim Gate sobre o Ceis:


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