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Custo com alimentação é mais pesado em nações pobres

Enquanto um nova-iorquino gasta apenas 0,6% da sua renda média diária para fazer um prato de feijão com 600 calorias, um sul-sudanês gasta o equivalente a 155% de sua renda diária para a mesma refeição


Custo com alimentação é mais pesado em nações pobres

Mulheres e crianças chegam no local de Proteção de Civis em Bentiu para pessoas deslocadas internas, no estado de Unidade, Sudão do Sul. Foto: UNICEF/Sebastian Rich

Da ONU Brasil 

Os custos com alimentação em países ricos podem parecer elevados, mas são, de fato, uma “preocupação quase microscópica” para os consumidores quando comparados aos preços de um prato de comida em países pobres. É o que revela um novo relatório do Programa Mundial de Alimentos (PMA). A pesquisa calcula como os desníveis de preço e renda levam populações inteiras a ter que gastar bem mais do que dispõem para se alimentar.

Enquanto um nova-iorquino gasta apenas 0,6% da sua renda média diária — de um total de pouco mais de 200 dólares — para fazer um prato de feijão com 600 calorias, um sul-sudanês gasta o equivalente a 155% de sua renda diária para comprar os ingredientes da mesma refeição. Ou seja, um norte-americano em Nova Iorque, vivendo em conjuntura semelhante ao do país africano, gastaria 321 dólares pelo prato de feijão.

A proporção entre o preço dessa refeição básica e o dinheiro de que as pessoas dispõem diariamente é bem mais elevada em nações em desenvolvimento do que a taxa norte-americana calculada a partir dos rendimentos médios de um nova-iorquino. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita do estado de Nova Iorque foi usado como parâmetro para comparar os sistemas alimentares dos países ricos com os de países pobres.

Quando avaliadas regiões em conflito, o índice atinge patamares insustentáveis — no nordeste da Nigéria, a taxa chega a 121%; em Deir Ezzor, na Síria, 115%; na República Democrática do Congo, 40%. O Sudão do Sul tem a defasagem mais alta entre poder aquisitivo e despesa com alimentação.

Países pobres, que não passam por situações de confrontos domésticos, também registram valores preocupantemente acima de índices sustentáveis: no Malauí, a proporção é de 45%; no Haiti, 35%; em Moçambique, 30%; na Gâmbia, 26%.

O diretor-executivo do PMA, David Beasley, afirmou que, para pessoas inseridas em mercados altamente desenvolvidos, “um prato de comida é uma preocupação quase microscópica”. Em países pobres, alimentar-se adequadamente é uma luta diária. Em situações de guerra, comer é uma batalha perdida, conforme atestam as lacunas documentadas pela agência da ONU entre renda e as despesas com ingredientes básicos.

A Síria pré-2011 era um país de renda média. Em 2016, 80% da população vivia na pobreza. Quase 75% da população — 13,5 milhões de sírios — precisou de assistência humanitária, e 9 milhões de pessoas foram avaliadas pelo PMA como em necessidade de assistência alimentar.

O relatório lembra que os preços de alimentos em países pobres ou em guerra estão, muitas vezes, sujeitos a flutuações causadas por problemas externos à produção — como destruição da infraestrutura responsável por manter coesas as cadeias de produção; fenômenos climáticos extremos; e devastação causada por conflitos armados.

Para contornar a fome, o PMA recomenda investimentos em estruturas, produtores e empresas locais, o que pode reduzir custos com transporte, gerar empregos entre as populações e fortalecer negócios regionais. Outra indicação é o aproveitamento de práticas e saberes das comunidades, que conhecem melhor as condições de cultivo e do clima.

Acesse o relatório na íntegra clicando aqui.


Para conhecer as políticas públicas de combate à fome do Instituo Lula, visite o site Brasil da Democracia. 

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