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Há 30 anos, Chico Mendes era assassinado no Acre


Há 30 anos, Chico Mendes era assassinado no Acre

Líder seringueiro defendia os povos da floresta e a preservação ambiental

Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, é assassinado a tiros em Xapuri (AC) na frente de sua casa e da família por fazendeiros da região incomodados por seu ativismo e pela repercussão de suas denúncias. Seringueiro desde a infância, era líder dos trabalhadores rurais e dos seringueiros da Amazônia e ambientalista de expressão internacional.

Chico Mendes tornou-se secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia (AC) em 1975. Compreendendo que seringueiros e extrativistas dependiam da preservação da floresta para sobreviver, passou a liderar os “empates”, manifestações pacíficas em que os seringueiros faziam barreiras humanas contra o desmatamento.

Em 1977, fundou o sindicato de Xapuri e se elegeu vereador pelo MDB. Passou, então, a receber ameaças de morte. Por suas atividades sindicais e com movimentos sociais, em 1979 foi acusado de subversão, preso e torturado.  Em 1980, participou da fundação do PT. No mesmo ano, foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional a pedido de fazendeiros que o acusavam de envolvimento no assassinato de um capataz. Em 1981, assumiu a presidência do sindicato de Xapuri, cargo que ocuparia até sua morte. Em 1984, foi absolvido de denúncia de incitar posseiros à violência. Candidatou-se a deputado estadual em 1986, mas não se elegeu.

Sua projeção internacional teve início em 1985, com a realização do 1° Encontro Nacional de Seringueiros, durante o qual foi criado o conselho nacional da categoria, que passaria a lutar pela demarcação de reservas extrativistas.

Uma delegação da Organização das Nações Unidas (ONU) visitou Xapuri em 1987 e constatou a veracidade de denúncias de devastação florestal, que seriam levadas ao Senado norte-americano e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Como consequência, financiamentos internacionais a projetos de impacto ambiental negativo foram suspensos. Os fazendeiros passaram a chamá-lo de “inimigo do progresso”.  Chico Mendes recebeu diversos prêmios internacionais por sua atuação, inclusive o Global 500, oferecido pela ONU em 1987.

Foram julgados e condenados por seu assassinato, em 1990, o fazendeiro Darly Alves e seu filho Darcy, que Chico já acusara de ameaças de morte.  Em 2007 foi criado, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), encarregado de fiscalizar a conservação ambiental antes a cargo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Memória e documentação

Esse texto é um trabalho do Memorial da Democracia, o museu virtual do Instituto Lula dedicado às lutas democráticas do povo brasileiro.

O Centro Sérgio Buarque de Holanda de Documentação e História Política, da Perseu Abramo, parceira do Instituto Lula no Memorial da Democracia, tem fotos de diversos momentos da história de Chico Mendes e de sua participação política, cartazes, um artigo de Lula sobre o assassinato e ainda uma entrevista de Chico Mendes à Folha do Acre, em agosto de 1984 e mais:

– 110 metros lineares de documentação textual (equivalente a mais de 900 caixas-arquivo),

– 300 adesivos,

– 1.970 cartazes,

– 8.040 fotogramas em folhas de contato fotográfico,

– 745 diapositivos,

– 21.450 fotografias,

– 24.030 negativos,

– 1.450 fitas audiomagnéticas,

– 1.410 registros audiovisuais em diferentes formatos,

– 80 bandeiras e faixas,

– 1.000 broches,

– 200 camisetas,

– outros materiais: brindes de campanha, bolsas, discos de vinil, bonés e chaveiros.

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