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Jovens de Diamantina celebram oportunidades criadas pela UFVJM

Permanência dos estudantes mais carentes na Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri é ameaçada por cortes do governo golpista de Michel Temer


Jovens de Diamantina celebram oportunidades criadas pela UFVJM

Kelly Tameirão faz pós-graduação na UFVJM

Por Pedro Sibahi
Da Agência PT de Notícias 

Durante os governos do ex-presidente Luiz InácioLula da Silva e da presidenta eleita Dilma Rousseff, a quantidade de alunos matriculados no ensino superior na cidade de Diamantina saltou de 2.088 para 8.252 pessoas. Além de programas como oPronatec, Prouni e Fies, esse crescimento se deve em boa medida à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), criada em 2005.

A estudante de pós-graduação em educação na UFVJM, Kelly Cristina Tameirão, conta que a universidade mudou a cultura de Diamantina.

“Quando eu era adolescente, terminando o fundamental e partindo para o ensino médio, era muito diferente do que hoje os adolescentes vivenciam, naquela época a gente sabia que teria de sair pra fora para poder estudar, aqueles que tivessem condições de pagar”, conta Tameirão.

“Aqui sempre teve faculdade de Odontologia, que depois se tornou parte da Universidade Federal, mas o acesso a ela era bem limitado. Eu entendia que somente os alunos provenientes de escola particular conseguiriam preencher essas vagas públicas”.

“A graduação era uma realidade muito distante. Com a universidade mudou essa cultura, hoje a gente vê todas as classes na universidade. O governo Lula garantiu esse acesso da educação para todos”.

Kelly ainda afirma que se a universidade fosse paga, ela não teria condições de cursar sua pós-graduação. “Caso fosse necessário pagar, não teria como arcar com essa despesa, ainda que sempre tenha sido um sonho meu”.


Segundo Victor Diana, a universidade federal de Diamantina abriu portas para a população do Vale do Jequitinhonha. Foto: Kamilla Ferreira/Agência PT

Aluno de Engenharia Florestal, Victor Diana avalia que a universidade ainda trouxe um impulso para a economiada cidade, que depende em grande parte do turismo, que é uma atividade sazonal. Além disso, abriu oportunidades em uma região pobre de Minas Gerais.

“É uma região relativamente pobre, e a maioria das pessoas não teria condições de se deslocar para uma capital como Belo Horizonte ou São Paulo para cursar. Com a faculdade de Diamantina, abriu as portas para o pessoal daqui da cidade mesmo e de municípios da região virem para cá, fazer o ensino superior público”.

“É um local que é porta do Vale do Jequitinhonha, região com escassez de muita coisa, e abrindo a universidade aqui, pode trazer pessoas da região para ter perspectiva de vida melhor futuramente. Em relação à cidade, ajudou bastante a economia, porque muitas pessoas daqui vivem hoje da renda que os estudantes trazem para a cidade, como o aluguel, os comércios, que têm que agradecer aos estudantes que estão aqui”.

Victor ainda destaca que “o governo Lula chegou e revolucionou bastante coisa”. Ele relata que os pais nunca tiveram oportunidade de cursar uma graduação e que ele mesmo só conseguiu após programas criados pelo PT.

“No governo Lula, vejo várias pessoas conseguirem entrar na universidade, vários programas como o Prouni, o Sisu, que abriu muitas portas para todo mundo entrar na faculdade, e isso expandiu para todos os locais”.

“Hoje a UFVJM conta com campus em cidades que se fosse em outro governo, provavelmente não teria. Com o governo Lula, a gente pode ver que expandiu bastante a universidade pelo país. Teve também o Ciência Sem Fronteiras, que se existisse ainda hoje todo mundo gostaria de participar, porque é um programa que abre a visão da pessoa”.


Renan Gontijo afirma que não poderia pagar uma universidade privada. Foto: Kamilla Ferreira/Agência PT

Outro aluno de Engenharia Florestal, Renan Gontijo é da cidade de Pirapora, a 250 quilômetros de Diamantina, e afirma que a proximidade foi um fator decisivo para optar ingressar na graduação.

“A universidade abrange muitas cidades do norte de minas, e acaba que é economicamente mais fácil vir para perto, tanto pelo transporte, quanto por estar no berço de Diamantina”.

“Minha mãe é funcionária púbica da prefeitura e meu pai tem uma mercearia. Se fosse para bancar uma particular, seria muito inviável”.

A estudante Iolanda Araújo Rodrigues, destaca que “em uma universidade federal você tem um caminho mais amplo para educação, para pesquisa, abre mais leques na sua formação profissional, e também é uma nova experiência, é morar fora, conhecer novas culturas, novos valores, para mim foi de grande proveito”.


“Eu não estaria aqui se não fossem oportunidades como essa”, diz Iolanda sobre o Sisu. Foto: Kamilla Ferreira/Agência PT

Aluna do quarto ano de Engenharia Florestal, ela credita ao governo Lula seu ingresso no ensino superior.

“Achei o governo de Lula excelente, eu mesma não estaria aqui se não fossem oportunidades como essa, que foi através do Sisu [Sistema de Seleção Unificada], antes era muito restrito. Eu me formei em 2006, entrei na faculdade em 2012. Foi com essa abertura do Sisu que nos possibilitou a chegar na universidade”.

“Na minha cidade não tinha curso superior federal e os particulares sempre muito caros. Então foi uma oportunidade muito grande”.

Iolanda conta que sonhava em viajar para o estudar no exterior pelo Ciências Sem Fronteiras, mas após os cortes de Temer, ficou muito difícil.

“O Ciência Sem Fronteiras era meu sonho fazer, mas hoje em dia está muito restrito, cortou muito, é uma grande perda para a sociedade como um todo, porque creio que a educação em si que vai abrir caminhos para que o país se desenvolva”.

“Não adianta aumentar imposto daqui, reter dinheiro dali, aumentar aquilo outro, se não investir na educação. Igual a matéria prima daqui, tão baratinha, é exportada, depois a gente compra os produtos com a matéria prima que saiu daqui, porque não tem mão de obra qualificada”.

Para ela, “o governo que não apoia a educação, que não apoia a pesquisa, não tem como o país ir para a frente. Acho que foi avanço muito grande do PT, porque proporcionou essas aberturas”.


Júlio César Formiga. Foto: Kamilla Ferreira/Agência PT

Para Júlio Cesar Formiga, “a universidade tem um conceito muito bom no MEC e ela está dentro da minha cidade, eu nasci e fui criado aqui, portanto é uma mão na roda ter uma universidade desse porte aqui e não precisar sair pra estudar”.

“Se não tivesse essa universidade aqui, eu não teria condições de fazer um curso superior. Acredito que várias pessoas aqui estão na mesma situação”, afirma o estudante.

Desmontes de Temer afetam permanência estudantil

Com os cortes promovidos por Michel Temer, os auxílios estudantis que mantêm muitos jovens na graduação sofreram uma séria redução na UFVJM.

Renan Gontijo conta que sentiu as mudanças no último ano. “Quando vim para cá em 2012, que era Dilma, eu consegui os auxílios, auxílio alimentação, auxílio xerox, auxílio transporte, e após o primeiro corte de verba que veio com o Temer, cortou todos esses auxílios, hoje eu não recebo mais nenhum”.

Para Victor Diana, “com Temer, deu muita diferença. Várias pessoas recebiam vale transporte, auxilio xerox, auxílio alimentação, isso motivava as pessoas na Universidade”.

“Com os cortes vi várias pessoas perdendo os auxílios e isso dificultou a vida de vários estudantes. Tenho amigos que os pais não tem condições de bancar e com o auxílio tinham uma vida melhor na universidade, esses cortes deixaram as pessoas bem prejudicadas”.

Lula pelo Brasil

A viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Minas Gerais, que acontece em outubro, é a segunda etapa do projeto que ainda deve alcançar as demais regiões do Brasil.

Em agosto e setembro, Lula pegou a estrada e percorreu os nove estados nordestinos, visitou inúmeras cidades, ouviu e conversou com o povo.


Por Pedro Sibahi, enviado especial à caravana Lula pelo Brasil em Minas Gerais, para a Agência PT de Notícias

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