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"Democracia na África avança", diz ex-ministro Celso Amorim

Embaixador e um dos convidados da quinta edição do “Conversas sobre África”, falou sobre o progresso nas áreas de inclusão social, participação política e combate ao terrorismo


"Democracia na África avança", diz ex-ministro Celso Amorim

Antônio Araújo / Câmara dos Deputados

Na próxima terça (26), o Conselho África do Instituto Lula promoverá o quinto “Conversas sobre África”, uma série de palestras com especialistas e pessoas de atuação destacada no continente. O encontro servirá também como comemoração ao "Dia da África", celebrado mundialmente em 25 de maio. O convidado da vez é o embaixador Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa durante os governos Lula e Dilma  Sua palestra terá como tema “Um balanço das relações Brasil-África". O Sindicato dos Bancários e o Programa Mundial de Alimentos da ONU no Brasil também são parceiros do Instituto para a organização do evento. 

Saiba mais sobre outros eventos em comemoração ao Dia da África: http://www.institutolula.org/brasil-celebra-dia-da-africa-com-atividades-culturais-e-debates-politicos 

Farão parte da mesa de trabalhos, Eugênia Pereira Saldanha Araujo (embaixadora de Guiné-Bissau no Brasil), Ivone Maria da Silva (secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo), Daniel Balaban (diretor do Centro de Excelência Contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos no Brasil da ONU), Suhayla Khlalil (professora de Relações Internacionais da Escola de Sociologia e Política de São Paulo) e Celso Marcondes (diretor do Instituto Lula).

Em entrevista ao site do Instituto Lula, Celso Amorim falou sobre o avanço da democracia no continente, a ameça do terrorismo islâmico e como programas de proteção social desenvolvidos no Brasil servem de referência para ações de combate à exclusão social na África.

No imaginário de muitos brasileiros, a África ainda é vista como um continente tomado por ditaduras. Esta percepção retrata a realidade política do continente?

Os anos que se seguiram à independência de muitos países foram turbulentos. Às sequelas deixadas pelo colonialismo somaram-se estruturas de poder centralizadas, frequentemente com um viés militar, em um ambiente de pobreza e de disputas tribais, fomentadas geralmente por interesses externos. Em alguns casos, essas disputas chegaram a provocar cruentas guerras civis. Mas assiste-se a um progresso em direção à democracia, ajudado pelo surgimento de regimes mais estáveis e pela ação da União Africana, que tem condenado as tentativas de golpe de Estado. A alternância de poder já tem sido a regra em países como Zâmbia, Tanzânia, África do Sul, Gana e muitos outros. O crescimento econômico contribuirá, na minha opinião, para fortalecer essa tendência positiva.

Como o senhor vê o avanço do terrorismo islâmico no continente?

O avanço do terrorismo na África é muito preocupante. É importante observar que, embora haja fatores endógenos que ajudam na sua propagação, a fragmentação de Estados como a Líbia, devida em grande parte à intervenção estrangeira, tem provocado a disseminação de movimentos fundamentalistas, além de facilitar o tráfico de armas e a movimentação de grupos armados extremistas.

Qual o potencial da cooperação do Brasil com a África na área de proteção social?

Gosto de citar a frase de um professor africano, radicado nos Estados Unidos, Calestous Juma, para quem. "para cada problema africano existe uma solução brasileira". Programas desenvolvidos em nosso país como o Bolsa Família e os relativos à agricultura familiar seriam de grande valia, com as devidas adaptações, a muitos países do continente africano.

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