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Reforma da Previdência prejudica principalmente mulheres


Reforma da Previdência prejudica principalmente mulheres

Da Fundação Perseu Abramo 

Estudiosos têm apontado que as mudanças propostas pela reforma da previdência não resolvem os verdadeiros problemas que afligem os brasileiros, tais com a falta de cobertura de grande parte da população, que atinge mais acentuadamente as mulheres.

Marilane Teixeira defende, em texto publicado pela Fundação Friedrich Ebert no Brasil (“O desmonte trabalhista e previdenciário: reinventando novas formas de desigualdades entre os sexos”), que em 2015 havia 23,8 milhões de pessoas sem proteção social. Desses desprotegidos, aponta a autora que as mulheres são especialmente penalizadas. Por exemplo, entre as pessoas com mais de 55 anos no Brasil, em 2017 há 3,5 milhões de homens sem proteção social e 5,6 milhões de mulheres na mesma situação.

Tal disparidade é um reflexo de outras desigualdades sofridas pelas mulheres no mercado de trabalho ao longo da vida, como por exemplo representar mais da metade da população com renda inferior a um salário mínimo, apresentar taxas de desemprego mais altas, bem como de informalidade.

Aproximar a idade de aposentadoria de homens e mulheres, como quer a proposta de reforma previdenciária, é sobrecarregar ainda mais as mulheres, às quais ficará ainda mais difícil ter acesso à aposentadoria e ainda mais pesada a divisão sexual do trabalho, em que as mulheres são majoritariamente responsáveis pelo trabalho doméstico não remunerado no âmbito domiciliar.

Teixeira, a partir de dados da Pnad, calcula que as mulheres trabalham oito horas a mais que os homens por semana, considerando a jornada total formada por tempo gasto com trabalho remunerado e não remunerado. Isso representaria, no ano, trabalhar cerca de 66 horas a mais que os homens e, ao longo de 25 anos, 4,5 anos a mais, o que de alguma forma justificaria a diferença atual de cinco anos entre as idades mínimas para aposentadoria entre homens e mulheres.

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