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Amazônia: da centralidade da biodiversidade à destruição

A devastação promovida por Bolsonaro é diametralmente oposta à visão que Lula propaga desde 1989: não é possível discutir nenhum modelo de desenvolvimento sem levar em conta a questão ambiental


Amazônia: da centralidade da biodiversidade à destruição

Foto: Reprodução/lula.com.br

Por lula.com.br

No dia 5 de setembro é comemorado o Dia da Amazônia, mas existe atualmente muito pouco a celebrar. Se a Amazônia fosse de fato o pulmão do mundo, o atual governo seria um maço de Derby vermelho destruindo tudo por onde passa. A devastação promovida por Bolsonaro é diametralmente oposta à visão que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva propaga desde 1989: não é possível discutir nenhum modelo de desenvolvimento sem levar em conta a questão ambiental.

Os governos de Lula e do PT colocaram a questão ambiental, principalmente relacionada à proteção da Amazônia, em posição de destaque. O Brasil era exemplo na redução do desmatamento – o desmatamento na Amazônia Legal (área que engloba os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte do Maranhão) caiu 82% entre 2004 e 2014.

Em 2008, Lula criou o Fundo Amazônia, uma iniciativa pioneira para arrecadar recursos financeiros, junto aos países desenvolvidos, que seriam destinados a manter de pé a maior floreste tropical do mundo, ajudando assim a combater as mudanças climáticas. Até 2019, o fundo já havia recebido cerca de R$ 3,4 bilhões da Noruega, Alemanha e da Petrobras. O programa se tornou o principal instrumento nacional para custeio de ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, além de promover a conservação e o uso sustentável do bioma amazônico.

Em 2009, o Brasil apresentou a proposta mais ousada entre os países na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15): reduzir de 26,1% a 38,98% a emissão de gases do efeito estufa (principalmente advindos do desmatamento da Amazônia) até 2020.

Utilizar a riqueza da biodiversidade amazônica, em parceria com diversos países, para ajudar a desenvolver a Amazônia: esse sempre foi o objetivo de Lula. “A Amazônia será utilizada, com a sua riqueza, com o seu ecossistema, para que o Brasil tenha orgulho de contribuir com o sequestro de carbono e com a riqueza da exploração da nossa biodiversidade”, disse ele.

Agora, Jair Bolsonaro, o autointitulado Capitão da Motosserra, veio para sufocar a Amazônia.  Somente no último ano, a Amazônia Legal brasileira registrou 8.381 km² de desmatamento, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Esse número é 51% maior do que o registrado no mesmo período do ano anterior e a maior destruição da floresta em 10 anos.

Além das queimadas, o garimpo tem avançado no país, principalmente em áreas de preservação ambiental. Quem corre mais risco é a Amazônia, já que ela concentra 93% de todo o garimpo no país. Estudo do MapBiomas publicado no mês de agosto mostra que área ocupada pelo garimpo no Brasil já é maior que a ocupada por mineração.

Além disso, um levantamento do G1 com base em dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que o desmatamento por mineração na Amazônia entre janeiro e 13 de agosto de 2021 é o maior já registrado no período e área já supera o registrado nos 12 meses de 2020 – foram 102, 42km², área equivalente a mais de dez campos de futebol.

Somados às declarações do presidente e às constantes perseguições do governo aos órgãos de fiscalização, sobretudo ambientais, como o Ibama, esses dados têm repercussões sérias fora do Brasil.

Bolsonaro conseguiu colocar o Fundo Amazônia em perigo devido a impasses entre as nações doadoras e o governo brasileiro. Em 2019, enquanto a Amazônia queimava, Bolsonaro sugeria que a chanceler alemã Angela Merkel pegasse seu dinheiro e reflorestasse o próprio país. O mandatário brasileiro também compartilhou um vídeo com notícias falsas (novidade!) sobre matanças de baleias na Alemanha.

No mesmo ano, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (o que queria “passar a boiada“) anunciou a intenção de usar dinheiro do fundo para indenizar proprietários rurais que foram desapropriados por estarem localizados dentro das unidades de conservação. Desde então, o programa inovador criado por Lula vive na corda-bamba.

Lula já alertava para os interesses escusos de alguns governos sobre a Amazônia em sua campanha de 1989. É impressionante como o discurso permanece assustadoramente atual. Sob o comando de Bolsonaro, não há o que comemorar no Dia da Amazônia, pois a maior floresta tropical do mundo respira com dificuldade.

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