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Lula envia carta em homenagem a Henry Sobel


O rabino Henry Sobel está se despedindo do Brasil depois de 43 anos no país. Na última quinta-feira (31), ele foi homenageado pelo Instituto Vladimir Herzog, pela Congregação Israelita Paulista (CIP) e pela Comissão Nacional de Diálogo religioso Católico-Judaico no Memorial da América Latina. Clara Ant, diretora do Instituto Lula, representou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia e leu uma mensagem enviada por ele.

Em sua carta, Lula afirma que "esse amigo, mesmo fora do Brasil, seguirá sendo um grande brasileiro em nossos corações" e relembra um momento importante da trajetória de Sobel quando ele ajudou a denunciar o assassinato do jornalista Vladmir Herzog: "Ao recusar a versão oficial sobre a morte de Vlado e impedir que ele fosse sepultado na ala do cemitério reservada aos suicidas, nosso querido Henry Sobel desencadeou o desmascaramento da farsa e colaborou com o impulso crescente de enfrentamento do governo ditatorial".

Clara também fez questão deixar de deixar sua mensagem ao homenageado: "Como sacerdote da religião judaica você fez muitas coisas, mas se a única coisa que você tivesse feito fosse impedir que Herzog fosse enterrado como suicida, já seria merecedor de todas as homenagens".

Leia a íntegra da carta do ex-presidente:

Ao Rabino Sobel,
À Família Herzog
À Congregação Israelita Paulista
À Comissão Nacional de Diálogo religioso Católico-Judaico

São Paulo, 31 de outubro de 2013

Meus amigos e minhas amigas,

Saúdo fortemente a iniciativa de homenagear o Rabino Sobel nesta noite de 31 de outubro de 2013, no Memorial da América Latina.
Preservar a memória dos momentos que marcaram a luta contra a ditadura militar no nosso país é essencial para valorizar a democracia de que usufruímos hoje e honrar a memória de militantes queridos como Vladimir Herzog.
Esses momentos sempre contaram com importantes protagonistas e o Rabino Sobel foi muito importante entre eles. Ele foi uma dessas pessoas que encontram as respostas precisas nos momentos exatos e assim conquistam um lugar na história e nos corações.
O que poderia ser visto por alguns como um gesto corriqueiro revelou-se como atitude de coragem cívica, capaz de produzir efeitos de dimensões históricas. Ao recusar a versão oficial sobre a morte de Vlado e impedir que ele fosse sepultado na ala do cemitério reservada aos suicidas, nosso querido Henry Sobel desencadeou o desmascaramento da farsa e colaborou com o impulso crescente de enfrentamento do governo ditatorial.

Ainda hoje, está guardada em nossa memória a imagem da Catedral da Sé superlotada, com o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, o reverendo Jaime Wright e o rabino Sobel presidindo o culto ecumênico que valeu como denúncia contundente da monstruosidade do aparelho de repressão.

Aquele ato valeu como um novo ponto de partida para fortalecer e unir mais os brasileiros que apostavam na democracia. Além disso, fixou a imagem da comunidade judaica como uma comunidade de convicções democráticas, sensível às questões de violação dos Direitos Humanos.

Por tudo isso, ao mesmo tempo em que honramos a memória do querido Vlado, reverenciamos a atuação do Rabino que soube fazer justiça, um dos principais preceitos na religião judaica.
Lamentando não estar junto com vocês nesta solenidade, por cumprir uma agenda de viagem a Foz do Iguaçu, faço questão de transmitir um forte abraço para todos e me somo à merecida homenagem recebida por esse amigo que, mesmo fora de nosso país, seguirá sendo um grande brasileiro em nossos corações.

Luiz Inácio Lula da Silva

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