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Livro traz legado de destruição deixado pela Lava Jato


Livro traz legado de destruição deixado pela Lava Jato

Por Andre Accarini, para a CUT

A análise das origens da crise econômica pela qual passa o país e que penaliza mais diretamente a classe trabalhadora foi o tema da live “Operação Lava Jato: crime, devastação econômica e política”, que foi ao ar, nesta sexta-feira (30), pelas redes sociais da CUT.

Durante a live, que faz parte da Semana do Trabalhador e da Trabalhadora da CUT, foi lançado o livro “Operação Lava Jato: crime, devastação econômica e perseguição política”, que traz a íntegra do estudo feito pelo Dieese, elaborado a pedido da CUT, sobre o estrago que a operação causou a economia do pais e aos brasileiros, que perderam 4,4 milhões de postos de trabalho.

O presidente da CUT e coautor do livro, Sérgio Nobre, reforçou durante a live a importância de a classe trabalhadora ter conhecimento dos efeitos da Lava Jato, para que o episódio nunca mais se repita no país.

“Ano que vem tem eleições que vão definir os rumos do país pelas próximas décadas. É importante que o povo, a classe trabalhadora, entenda o que aconteceu no Brasil, que saiba qual foi o papel da Lava Jato na ascensão da extrema direita e nos ataques aos direitos dos trabalhadores”, disse o presidente da CUT, se referindo à eleição de Jair Bolsonaro (ex-PSL)

Sérgio Nobre explicou ainda que Bolsonaro só ganhou o pleito porque o ex-juiz  Sérgio Moro, então juiz da 13ª Vara Criminal de Curitiba, comandante da operação no Paraná, condenou, sem crime e sem provas o ex-presidente Lula à prisão.  A condenação, aliás, foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) este mês. Depois de três anos, os ministros do STF consideram Moro suspeito nos casos relacionados a Lula.

O Brasil sem a Lava Jato

O Brasil poderia estar vivendo outra realidade se não fossem os impactos da Lava Jato na política e na economia. Como resultado prático, a operação acabou com investimentos públicos, empregos e mergulhou o país na recessão em que vivemos, além de ter contribuído decisivamente para eleger Bolsonaro.

Foi justamente para embasar as afirmações sobre a destruição da economia que a CUT encomendou ao Departamento Intersindical de Estatíticas e Estduos Socioeconômicos (Dieese) um estudo sobre o impacto da operação na economia. Entre outras coisas o estudo, que foi lançado como livro, mostra que 4,4 milhões de postos de trabalho foram perdidos e os cerca de R$ 172 bilhões deixaram de ser investidos no país.

O livro conta com a autoria colaborativa de economistas, juristas e sindicalistas, que explicam as razões que fazem da Lava Jato uma das principais causadoras da tragédia social vivida pelo Brasil nos dias de hoje.

Modo de operação e destruição

Desde o início da operação Lava Jato, a CUT já denunciava a forma que a Lava Jato usava para o chamado ‘combate à corrupção’, que paralisava empresas e obras investigadas e não se limitava a investigar os envolvidos – pessoas físicas denunciadas por atos ilícitos.

“Punir os gestores corruptos de maneira contundente e manter um ambiente adequado de funcionamento das empresas, para que trabalhadores, o poder público e o próprio mercado não se desestruturasse”, foi a afirmação do professor da Faculdade de Engenharia de São Paulo (Fesp) e diretor do Instituto de Estudos Estratégicos do Petróleo (Ineep), Willian Nozaki, durante a live.

Ele explicou ainda que a maneira como a Lava Jato conduziu as investigações acabaram, ao invés de punir responsáveis, criminalizando o projeto de desenvolvimento econômico que tinha como fio condutor a Petrobras para o avanço de investimentos, da ciência e da tecnologia no país.

“Aquela Petrobras que desbravou horizontes não existe mais. Ela tem sido objeto de esquartejamento das políticas de desenvolvimento e descapitalização desde o golpe de 2016”, ele disse, se referindo ao fato de que a redução de investimentos causa impactos negativos para o conjunto da economia.

E mais, afirma ainda, com base em estudos do Ineep, que esse desmonte dos investimentos públicos causados pela Lava Jato, significa não somente o desemprego, mas também prejudica a arrecadação fiscal para o país. “É danoso para a economia e para o conjunto da nossa estrutura social”, afirmou Willian.

É por meio da arrecadação fiscal que se possibilita investimentos em políticas e programas sociais.

Desemprego

Sérgio Nobre lembrou que os investimentos feitos em tecnologia na Petrobras, durante os governos do PT, resultaram na descoberta do Pré-Sal e em um salto na economia brasileira, com abertura de novas empresas e, consequentemente, mais empregos.

Com o ataque da Lava Jato à estatal, veio a paralisia nesses investimentos. O presidente da CUT afirmou que o estudo mostra de forma clara que se a Petrobras tivesse cumprido seu papel de investimento o pais não estaria na crise que vive atualmente. “O que explica a crise de hoje e o tamanho do desemprego é a Lava Jato”, afirmou Sérgio.

Já do ponto de vista jurídico, na análise de Carol Proner, doutora em Direito, professora da UFRJ e membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), os números do estudo revelam que a Lava Jato era mais que uma perseguição política ao projeto de desenvolvimento dos governos de Lula e Dilma Rousseff. Interesses internacionais tiveram grande peso na operação.

Sobre a cooperação de agências de inteligência internacionais como a CIA dos Estados Unidos, na Lava Jato, Carol afirmou “em poucos anos, eles [EUA] conquistaram o que nunca conseguiriam em uma guerra tradicional – acessar o Pré-Sal”.

O petróleo, historicamente, é motivo de disputa

“Não podemos achar que isso aconteceu somente pelo golpe ou pela chegada de Bolsonaro. O que se move na estratégia jurídica é inteligente e temos que estar preparados para isso”, ela afirmou.

Carol disse ainda que o que o Brasil aprendeu com a operação é que a cooperação internacional, de forma alguma é neutra. “Faz parte de um novo tipo de guerra, silencioso, passa pelo direito, porque utiliza a legitimidade do sistema de justiça, de um juiz”, se referindo à estratégia da operação em interferir na soberania brasileira.

Willian Nozaki e Sérgio Nobre explicaram que, em especial as grandes construtoras, também alvos da Lava Jato na investigação de desvios de verbas em obras públicas cresceram a ponto de disputar negócios e atuar também no exterior. Neutralizar essas empresas fez parte da estratégia da Lava Jato.

As consequências

“A Lava Jato teve o objetivo de fraudar as eleições de 2018 e a prisão ilegal de Lula aconteceu para tirá-lo das eleições. As pesquisas mostravam que Lula ganharia já no primeiro turno”, afirmou Sérgio Nobre”

A eleição de Jair Bolsonaro foi possibilitada por essa manobra política e o resultado foi o aprofundamento da destruição de direitos e à proteção social que tiveram início após o golpe de 2016.

O Brasil de hoje, com mais de 400 mil mortos pela Covid-19, diz Sérgio, é de uma tragédia causada pelo negacionismo de Bolsonaro. “Se tivéssemos feito lockdown como se deveria, com auxilio emergencial para manter as pessoas em casa, três em cada quatro mortes poderiam ter sido evitadas. Bolsonaro é um genocida e a Lava Jato criou condições para a ascensão dele”, disse o presidente da CUT

“A gente vê nas capitais famílias inteiras nas calçadas, passando fome, pendido em faróis e portas de supermercados. A gente tinha resolvido esse problema e agora tudo voltou. O grande arquiteto dessa situação que vivemos foi a Lava jato e a classe trabalhadora precisa saber disso para que nunca mais volte a acontecer”, afirmou Sérgio.

O presidente da CUT ainda parabenizou o Dieese pela coragem ao realizar o estudo. “Para toda crítica que se faz à Lava Jato há uma reação da grande mídia, uma reação de economistas conservadores, mas o Dieese fez o estudo com competência”, disse.

Ele ressaltou a importância de a classe trabalhadora escolher nas eleições de 2022, um novo projeto de poder que seja voltado aos interesses e proteção da classe trabalhadora e que priorize investimentos públicos para o desenvolvimento do país.

Assista à integra da Live "Operação Lava Jato: crime, devastação econômica e perseguição política"

*Edição: Marize Muniz (CUT)

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