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Moro escondeu gravações para obstruir posse de Lula como ministro

Diálogos omitidos do ex-presidente contrariam a hipótese de obstrução de Justiça, construída por Moro à época


Moro escondeu gravações para obstruir posse de Lula como ministro

Uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo neste domingo (8), com informações obtidas pelo The Intercept Brasil, mostrou que os grampos de conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em março 2016, divulgados ilegalmente pelo então juiz Sergio Moro, eram seletivos. As mensagens deixam claro que o magistrado pretendia reforçar a hipótese de que Lula aceitara um convite para ser ministro-chefe da Casa Civil como forma de obstruir a Justiça – todos os diálogos que contrariavam essa narrativa foram mantidos em sigilo.

Na época desses acontecimentos, a jornalista Carol Pires trabalhava na revista Piauí e produzia uma matéria sobre Lula. O texto acabou não sendo publicado, mas durante o trabalho de apuração ela se deparou com informações que confirmam que Lula só aceitou o ministério com a condição de poder ajudar o Brasil. 

Na ocasião, Moro divulgou à Rede Globo uma conversa entre a então presidenta da República, Dilma Rousseff (PT), e Lula, o que levaria o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, a suspender a nomeação de Lula como ministro. 

As conversas entre membros da força-tarefa da Lava Jato no aplicativo Telegram divulgadas neste domingo, no entanto, mostram que a entrada de Lula no governo tinha como objetivo "salvar" o governo em crise, por meio de uma tentativa de reaproximação com Temer e o MDB. É essa a preocupação que o presidente expressa em quase todos os telefonemas omitidos por Moro.

O assunto teria sido discutido entre o juiz e integrantes do Ministério Público. Moro pediu relatórios com transcrições dos diálogos considerados mais relevantes. Em 15 de março, na véspera da nomeação de Lula, a polícia anexou aos autos da investigação 44 arquivos de áudio.

Membros da força-tarefa entendiam como irregular a decisão de Moro de levantar o sigilo e divulgar parte dos áudios. Cinco dias depois do vazamento, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, suspendeu as decisões de Moro, afirmando que o sigilo havia sido levantado “sem nenhuma das cautelas exigidas em lei”. Mesmo assim, a anulação da posse de Lula como ministro foi mantida.

Em nota, os advogados de Lula disseram que a reportagem "auxilia a reconstrução da verdade histórica e expõe as grosseiras ilegalidades praticadas por Moro e pelos procuradores da Lava Jato contra o ex-presidente Lula, contra os seus advogados, e também contra o STF.

Edição: Daniel Giovanaz

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