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Os filhos da migração: do desprezo à glória na Copa


Os filhos da migração: do desprezo à glória na Copa

Imagem: The Times of India/Reprodução

Enfrentando hostilidades crescentes em muitos países da Europa, os migrantes emergem como estrelas nas equipes europeias nesta Copa do Mundo. A forte seleção francesa que derrotou a Argentina por 4 a 3 nesta e encantou com os gols de Mbapé tem 78% de jogadores de origem estrangeira. Na suíça, são 65%. Nas equipes de Inglaterra e Bélgica, 49%, segundo levantamento feito pelo site The Times of India.

O talento e a qualidade dos jogadores de origem internacional trazem mais uma vez à tona o racismo e desafiam os argumentos xenófobos de que "imigrantes são preguiçosos e vieram para roubar nossos empregos". Astros de origem africana como Mbapé, da França e Lukaku, da Bélgica, não são novidade. Um dos maiores nomes da história do futebol belga, Oliveira, era maranhense. O maior jogador francês de todos os tempos, Zinedine Zidane, tem origem argelina. Em Portugal, o grande nome do país antes de Cristiano Ronaldo é Eusébio, jogador nascido em Moçambique.

Por trás dos números, existe um passado colonial que explica em grande parte as diferenças que levam muitos migrantes a buscarem a Europa como refúgio. Quando a Segunda Guerra terminou, em 1945, apenas quatro países — Egito, África do Sul, Libéria e Etiópia — haviam conquistado a independência. Em 1964, esse número já ultrapassava 45 países. Algumas nações, entretanto, só alcançariam a emancipação política na década de 1970, como as ex-colônias portuguesas de Guiné Bissau, Moçambique, Cabo Verde, Angola e São Tomé e Príncipe.

Mas a independência não significou a resolução de todos os problemas. A divisão e ocupação seguiam as regras estabelecidas pela Conferência de Berlim (1885), desrespeitando a história, a cultura e as etnias das nações originais. A causa anticolonial foi favorecida pela Carta da ONU, que em 1945 estabeleceu as Nações Unidas e reconheceu o direito de todos os povos à autodeterminação. A luta africana assumiu, então, diferentes contornos, variando da insurreição armada aos acordos de transição com o país colonizador. Em alguns casos, houve a mediação da ONU. Algumas colônias foram divididas, dando origem a mais de um país, em busca de maior unidade etnocultural.

As marcas do colonialismo, no entanto, nunca foram apagadas. No caso do Congo, dos pais de Lukaku, a situação era extrema. Por inacreditável que possa parecer, até 1908 o país inteiro era propriedade particular do rei Leopoldo II, responsável pelo massacre de milhões de congoleses.

Conheça mais da história da descolonização da África no Memorial da Democracia, o museu virtual do Instituto Lula: http://memorialdademocracia.com.br/africa

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