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“Nunca vi o Rio tão pobre, tão entristecido”

No terceiro dia de Lula pelo Brasil, ex-presidente chega a Maricá para conhecer como modo petista mudou a cidade e entender como a crise afeta o estado


“Nunca vi o Rio tão pobre, tão entristecido”

Lula em Maricá. Foto: Ricardo Stuckert

Por Clarice Cardoso, da Agência PT de Notícias , enviada especial à caravana Lula pelo Brasil – SE

Lula está indignado. No terceiro dia da caravana Lula pelo Brasil, o ex-presidente chega a Maricá em um momento bastante crítico para o estado do Rio de Janeiro. “Estamos vivendo um momento muito delicado. Quero confessar para vocês que nunca vi o Rio tão pobre, tão infeliz, tao entristecido”, afirmou.

“Um governo que não tem 1% de aprovação, um está preso, o outro também, e o outro. A política entrou em processo de destruição e, nesse processo, o Rio é vítima. O povo não merece isso”, lamentou na abertura de um ato para milhares de pessoas no centro da cidade na noite de quarta-feira (6).

“A Lava Jato não pode, por causa de meia dúzia de pessoas que dizem que roubaram e ainda não provaram, causar o prejuízo que estão causando à Petrobras. Agora estão quebrando os estaleiros, falando que fica mais barato importar da China, da Coreia. Estamos importando sonda e plataforma, navios, e eles acabaram com as políticas de produção nacional, que a gente tinha decidido que 70% de todos os navios, das sondas, tinham que ter trabalho brasileiro, tecnologia brasileira. Estão cedendo às pressões das multinacionais.”

“Agora tenho o exemplo de Maricá para levar para esse país, que é possível fazer mais e melhor”, afirmou. Em uma cidade marcada pela modo petista de governa, Lula discursou para uma praça cheia e atenta.

“Quero dar os parabéns ao Fabiano (Horta) e ao (Washington) Quaquá, porque esses meninos fizeram pela história dessa cidade e ainda serão exemplo para este país. Uma cidade que tem moeda própria para os mais pobres, que tem o Vermelhinho levando as pessoas gratuitamente. Uma cidade que se preocupa com a questão social como nenhuma outra no Brasil”, elogiou.

Em sua fala, o atual prefeito, Fabiano Horta, listou as conquistas recentes locais, como o ônibus gratuito, as 3 mil residências do Minha Casa, Minha Vida, e um hospital municipal. “Mas tudo isso tem a ver com a coragem desse camarada que está aqui, que em nome da soberania do país sabe que o pré-sal serve para distribuir renda para as pessoas e melhorar a vida do povo.”

Sobre o tema, a bem recebida presidenta eleita  Dilma Rousseff falou sobre o golpe que, ainda em curso, segue mostrando sua face nefasta. “Esse golpe está querendo também comprometer nossas riquezas, está querendo acabar com o pré-sal, transformando o pré sal numa riqueza que ele querem vender pelo menor preço possível para grandes grupos internacionais, que é o caso da Shell, que veio aqui ditar como a gente deveria tributar e cobrar nossos royalties e participações internacionais.”

“Eles têm que aprender a me respeitar”

“Vejo na imprensa que o mercado está preocupado com Lula, com medo do Lula. Quero dizer a esse mercado que, quando cheguei na Presidência, o Brasil não tinha dinheiro para pagar as importações. O Brasil devia 30 bilhões ao FMI. Quando cheguei ao governo, o povo nem conseguia entrar no banco”, lembrou Lula. “Eu não preciso do mercado, eles é que precisam do governo! Eles é que precisam do Brasil! Eles precisam aprender uma lição!”

“Eu sou um cara de bom-senso. Eu sou o Lulinha-paz-e-amor mesmo, gosto de tratar as pessoas bem, gosto de respeitar as pessoas, gosto de beijar homem, beijar mulher, beijar criança. Digo todo dia que um homem de 72 anos como eu não tem direito de ter raiva, não tem direito de ficar ansioso, porque, quando a gente tem raiva, não dorme direito. O que eu quero é que tenham raiva de mim, para ficar assim todo santo dia. Se eles não sabem cuidar desse país, eu sei.”

“Não tenho diploma de Economia, de Filosofia, de Engenharia, mas eu tenho diploma da minha relação com a sociedade brasileira, da compreensão que tenho do povo brasileiro, sei o que é fome, sei o que é morar em lugar que enche d’água, sei o que é acordar com rato boiando, com barata em cima da cama, sei o que é limpar quintal com sanguessuga chupando a pele da gente. Eles não sabem e é por isso que eles não cuidam do povo, por isso eles não cuidam de vocês!”

Lula voltou a olhar nos olhos do povo e a desafiar o juiz Moro, o Ministério Público e a Polícia Federal a provarem as acusações descabidas de que o acusam. “Quero saber se eles tem a mesma coragem que eu. Tenho uma coisa que eles não têm: aprendi com uma mãe analfabeta o que é ter honra, o que é andar com cabeça erguida. Eles têm que aprender a me respeitar”, disse.

Aos 72 anos, com a energia de um jovem de 30 e o tesão de um jovem de 20, Lula não quer saber de truques ou safadezas que tirem do povo brasileiro o direito de decidir pelo próprio futuro.

“Vou falar qual o medo deles. Estão pensando que esse peão não deve voltar, porque como um cara que é torneiro mecânico, só com quatro anos de universidade, foi quem mais colocou gente na universidade. Sou o brasileiro com mais título Dr Honoris Causa desse país. O FHC não tem o titulo de Honoris Causa da Sciences Po, a escola de Ciências Políticas de Paris, que eu tenho. Esse negócio dos pobres subirem um degrau deixa os donos da Casa Grande muito nervosos.

Lula Pelo Brasil

A viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Espírito Santo e ao Rio de Janeiro, que acontece em dezembro, é a terceira etapa do projeto que ainda deve alcançar as demais regiões do Brasil.

Em agosto e setembro, Lula pegou a estrada e percorreu os nove estados nordestinos, visitou inúmeras cidades, ouviu e conversou com o povo. Em outubro, foi a vez do estado de Minas Gerais.

Assista ao ato na íntegra

Por Clarice Cardoso, da Agência PT de Notícias, enviada especial à caravana Lula pelo Brasil

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