Foto: Ricardo Stuckert
14/11/2018 19:11
Uma das joias dos anos de governos progressistas sofreu um baque aterrador na tarde desta quarta-feira (14). A notícia de que Cuba romperia o acordo com o governo no Mais Médicos caiu como uma bomba nas localidades aonde eles eram a única assistência. São cerca de 1500 cidades que ficarão sem nenhum médico.
Após declarações e exigências desastrosas do presidente eleito, o governo cubano
anunciou que estava se retirando do programa. "Não é aceitável
que se questione a dignidade, profissionalismo e altruísmo dos
colaboradores cubanos", diz a nota. "Os povos da Nossa
América e do resto do mundo sabem que sempre poderão contar com a
vocação humanista e solidária dos nossos profissionais”.
"O povo brasileiro, que fez do Programa Mais Médicos uma conquista social, que confiou desde o primeiro momento nos médicos cubanos, aprecia suas virtudes e agradece o respeito, sensibilidade e profissionalismo com que foi atendido, vai compreender sobre quem cai a responsabilidade de que nossos médicos não podem continuar prestando seu apoio solidário no país", afirmou o Ministério da Saúde Pública de Cuba, em nota que você pode ler na íntegra aqui.
Criado em 2013 para
diminuir o déficit de médicos nas cidades brasileiras, o programa e
causou revolta na classe médica por trazer médicos estrangeiros.
Mas na prática essa desconfiança logo se esvaiu aonde importava.
Nas milhares de cidades e localidades que estavam recebendo o
atendimento. Em algumas delas pela primeira vez. O acordo era uma
cooperação assinado entre Brasil, Cuba e Organização
Pan-Americana da Saúde (Opas).
Os termos da parceria afirmavam que o pagamento dos profissionais era realizado ao governo cubano, que repassava parte do valor aos médicos. Atualmente, eles recebem quase 3 mil reais. A quantia paga aos outros profissionais do programa é de cerca de 11,8 mil reais. E aos cubanos, uma passagem anual de ida e volta para Cuba, prevista no contrato assinado com Havana. As prefeituras ficavam responsáveis pela ajuda de custo para moradia e despesas básicas.
Atualmente, os doutores
cubanos são 47% dos profissionais que atuam no Mais Médicos. Esse
número chegou a 88% nos anos iniciais.
O Mais Médicos tem aprovação recorde : 95% dos usuários consideraram o programa bom ou muito bom em pesquisa realizada em 2016. Mais de 80% disseram que a qualidade do atendimento do SUS melhorou após a chegada dos cubanos.
Acabar ou enfraquecer o
Mais Médicos é fragilizar ainda mais a população que mais
precisa.