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Legado de Lula expandiu comércio e relações do Brasil


Legado de Lula expandiu comércio e relações do Brasil

Nos tempos de Lula, o oceano Atlântico não bastava para nos separar da África. A partir de 2003, nosso país iniciou um processo de aproximação, tão intenso quanto inédito, com países de todas as regiões do continente. Depois de 33 viagens presidenciais e abertura de 19 novas embaixadas, a relação do Brasil com os governos e os povos africanos deixou de ser apenas uma sequência de episódios isolados para ocupar na agenda da diplomacia brasileira um espaço proporcional à importância da África para a nossa história, nossa cultura e nossa identidade.

::Em Brasília, Lula se reúne com embaixadores africanos e lembra os tempos de cooperação entre Brasil e África:: 


Foto: Ricardo Stuckert

Com Lula, o Brasil deixou de lado o papel secundário e previsível de jamais contrariar as decisões tomadas pelos Estados Unidos e pelos países europeus. Nossas atenções e esforços se voltaram para os vizinhos da América Latina, principalmente da América do Sul, e para a África e o Oriente Médio. Soberano, o Brasil ampliou suas parcerias sem esperar autorização de nenhuma potência. Todos foram tratados como iguais. Era a superação de um tempo, como muito bem definiu Chico Buarque de Holanda, em que o Brasil falava fino com os Estados Unidos e falava grosso com a Bolívia.

Para que a afirmação da soberania nacional viesse acompanhada de resultados concretos, empresários brasileiros se juntaram aos diplomatas nas missões internacionais. O efeito foi quase imediato: o comércio exterior brasileiro se diversificou, reduzindo a dependência em relação à economia dos Estados Unidos e da Europa. A crise internacional de 2008 mostrou que essa foi a opção mais acertada, afinal o Brasil já não dependia de quem estava afundado.

Entre 2002 e 2010, o Brasil praticamente dobrou seu comércio exterior com os EUA e triplicou com a Europa. Mas o esforço de diversificação do comércio abriu novas fronteiras. O comércio com a América do Sul mais do que quintuplicou. Com a África aumentou 3,4 vezes e com a Ásia, mais de seis vezes.


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva impulsionou a criação da Cúpula América do Sul-África (ASA); a instalação de um escritório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) em Gana; da fábrica de antirretrovirais em Moçambique; de uma fazenda-modelo para a produção de algodão no Mali e da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), com metade das vagas para alunos africanos. O governo Dilma Rousseff deu continuidade a esta política para fortalecer ainda mais as relações entre o Brasil e a África, mas como muitas políticas públicas de sucesso, o país vive uma regressão desde o golpe de 2016.

Mesmo fora do governo, Lula percebeu que existe um imenso potencial para ampliação da cooperação em políticas públicas para combate à fome e à pobreza, comércio de bens e serviços, e investimentos em infraestrutura. O Brasil tem – e pode compartilhar – tecnologia em agricultura tropical, geração de energia, biocombustíveis e experiência em programas sociais.

E por isso mesmo o ex-presidente escolheu a África como um dos eixos de trabalho desde a fundação do Instituto, em 2011, com o objetivo de:

  • Compartilhar as experiências na área social e de sustentação da democracia que tiveram sucesso no Brasil;
  • Divulgar no Brasil informações sobre a África da atualidade, moderna e em crescimento, com todo o seu potencial e oportunidades;
  • Incentivar investimentos no continente africano que garantam transferência de tecnologia e contratação de mão de obra local;
  • Ampliar o intercâmbio social, político e cultural entre instituições, fundações, empresas e personalidades do Brasil e dos países da África.

Aqui no Instituto Lula constituímos uma ampla rede de contatos com governos e organizações multilaterais do Continente Africano, como a União Africana, o Banco Africano de Desenvolvimento e a Comissão Econômica para a África, que ajudaram a orientar as ações do Instituto.

Em junho e julho de 2013, em Adis Abeba, na Etiópia, a União Africana, a FAO e o Instituto Lula realizaram o Encontro de Alto Nível com líderes africanos e internacionais sobre as “Novas e integradas abordagens para erradicar a fome na África”, com o objetivo de propor estratégias específicas sobre o tema de segurança alimentar e do desenvolvimento social, e visando apoiar os países africanos a incorporar experiências bem sucedidas no Brasil e em outros países. Como resultado desse encontro, que reuniu chefes de estado e de governo, ministros, autoridades, representantes da sociedade civil e parceiros, foi aprovado um roteiro de atividades comuns e adotada uma declaração conjunta firmando o compromisso de lutar pela erradicação da fome na África até 2025.

Retrocessos

Infelizmente, o golpe que tirou Dilma Rousseff da Presidência retomou uma política externa de submissão. Isso ficou muito evidente numa série de aparições e pronunciamentos do atual presidente Jair Bolsonaro, que chegou a bater continência para a bandeira americana e até se declarou para o ex-presidente americano Donald Trump, com um “Trump, I love you”. No afã de mostrar submissão, acabou contrariando os interesses nacionais mesmo nas relações com os EUA, especialmente depois que Trump perdeu a eleição para Joe Biden.

Muito diferente é a atuação de um presidente que pensa a política externa como política de Estado. Lula teve papel ativo no fortalecimento do papel brasileiro no mundo, numa época em que o país passou a ser respeitado e chegou a ser a sexta economia do mundo. E teve papel ativo também no aumento das exportações e do fluxo comercial. Entre os 22 países africanos que ele visitou durante sua Presidência, as exportações brasileiras saíram de menos de dois bilhões de dólares em 2002 para quase oito bilhões em 2010, como mostra o mapa abaixo. Era uma época em que o Brasil exportava muito mais do que matérias primas, a tecnologia brasileira criava emprego e riqueza aqui com exportações que iam de tratores e máquinas agrícolas à infraestrutura do continente.

As viagens de Lula e a balança comercial

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