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IL é parceiro em conferência sobre mudanças climáticas

Conferência Internacional Inclusão pela Paz e Terra reuniu nomes como Sonia Guajajara e Sebastião Salgado para debater a ação climática


IL é parceiro em conferência sobre mudanças climáticas

Foto: Gabi Di Bella/Fervura

O Instituto Lula foi parceiro na realização da Conferência Internacional Inclusão pela Paz e Terra na última quinta-feira (3), no Rio de Janeiro. Organizado pelos coletivos Nave (Novo Acordo Verde) e Fervura, o evento reuniu lideranças ambientais de diferentes áreas — de Sonia Guajajara a Sebastião Salgado — para discutir as mudanças climáticas em curso no Brasil e no mundo. A Conferência aconteceu poucos dias após a eleição de Lula, o que foi apontado pelos convidados como marco de um novo tempo no tratamento da questão ambiental no Brasil.

Em meio à pluralidade de abordagens e vivências dos presentes, um consenso permeou a fala de todos: os últimos anos foram de verdadeira destruição da agenda ambiental ou qualquer perspectiva de desenvolvimento aliado à sustentabilidade no Brasil. O governo Bolsonaro, que teve como ministro do Meio Ambiente um homem que viu na pandemia uma oportunidade para “ir passando a boiada”, retrocedeu nas políticas públicas de proteção ao meio ambiente e aos povos originários, levando a Amazônia a índices recordes de desmatamento.

“Agora, estamos diante de uma onda de esperança”, resumiu o presidente do Instituto Lula, Marcio Pochmann. Ao seu lado estavam quatro mulheres que trazem em seus corpos a possibilidade de um futuro sustentável: Joenia Wapichana foi a primeira indígena eleita deputada federal no país e esteve na resistência aos desmontes promovidos pelo governo Bolsonaro nos últimos anos; Sonia Guajajara e Célia Xakriabá, também indígenas, estarão na Câmara a partir de 2023 para ajudar o novo governo a construir uma agenda ambiental; e Txai Suruí, indígena que ficou conhecida em todo o mundo após discursar na COP 26 sobre a necessidade de defender a Amazônia.


Txai Suruí | Foto: Gabi Di Bella/Fervura

“Os povos indígenas devem estar na linha de frente, mas é necessário envolver a sociedade como um todo nessa luta”, frisou Guajajara. Nesse sentido, a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira afirmou ser fundamental “construir uma visão contemporânea da agenda ambiental, convergindo a dimensão climática com a dimensão digital-tecnológica”. 

Felizmente, o Brasil tem vantagens estratégicas — além da vontade política do presidente eleito Lula — para avançar na pauta ambiental. O professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo Paulo Artaxo pontuou quatro delas: quase metade das emissões de gases de efeito estufa no Brasil são fruto do desmatamento, o que é relativamente fácil de conter; o Brasil é o país com maior potencial energético de matriz solar e eólica do mundo; o Brasil desenvolveu um programa interessante de biocombustíveis com Lula na Presidência; o Brasil tem um potencial único de captura de carbono, que pode ser aliado à geração de renda. 


Sebastião Salgado | Foto: Gabi Di Bella/Fervura

Como para “mostrar que é possível”, o fotógrafo Sebastião Salgado encerrou o evento apresentando sua experiência pessoal com o Instituto Terra, fundado por ele e sua esposa Lélia Wanick Salgado em 1998. Diante do cenário de degradação ambiental em que se encontrava a antiga fazenda da família, o casal decidiu devolver à natureza o que a ação humana destruiu. Conta o fotógrafo que junto à recuperação da vegetação, nascentes voltaram a jorrar e espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção reencontraram refúgio.

Ser possível não significa, porém, que a tarefa a ser assumida pelo próximo presidente será fácil. Mas para Gilmar Mauro, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, “nós, assim como as sementes do cerrado que têm sua dormência quebrada pelo fogo, estamos prontos para brotar após anos de ataques e renasceremos”. No próximo dia 14, Lula irá para o Egito, onde participará da COP 27 — a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Lá, deve reforçar ao mundo seu compromisso com a agenda ambiental.

Também estiveram presentes na Conferência Internacional Inclusão pela Paz e Terra outras personalidades, como Ana Toni (presidenta do Instituto Clima e Sociedade), Bruna Brelaz (presidenta da União Nacional dos Estudantes), Carlos Nobre (cientista climático), Liliane Santos (Redes da Maré), Luiz Marques (historiador de arte), Matthew Shirts (jornalista dedicado à cobertura das mudanças climáticas), Monica Benicio (vereadora do Rio de Janeiro), Pedro Henrique de Christo (coordenador do Nave), Preta Ferreira (multiartista), Ricardo Henriques (economista) e Tainá de Paula (vereadora do Rio de Janeiro).

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