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Lula recebe carta de membros da Vigília Lula Livre


Lula recebe carta de membros da Vigília Lula Livre

Foto: Ricardo Stuckert

08 de novembro de 2020

Estimado presidente Lula, 

Hoje completamos um ano de uma das grandes vitórias populares no Brasil. Sua saída da prisão de Curitiba representou a derrota do cárcere, da ira elitista, patrimonialista e antinacional das elites brasileiras. 

Mais que isso, significou uma primeira derrota de um governo que vê a mensagem de Lula – de soberania nacional, de defesa dos trabalhadores –, como uma grande ameaça e contraponto. 

É uma vitória ainda limitada das forças populares, afinal queremos Lula Livre por inteiro, com a anulação dos processos, com todos os seus direitos políticos reconquistados e com o fim da perseguição iniciada com a Lava Jato. 

Está aqui é mais uma simples carta, presidente. Mais uma. 

Durante 580 dias, foram inúmeros textos, mensagens de megafone, comunicados da Vigília Lula Livre com você, com a América Latina e com o mundo. Na garganta, no grito, na corda do violão, no palco de improviso. 

Aquele pequeno cruzamento de ruas, no alto da chamada república de Curitiba, fez dela a república popular, ponto de encontro de milhares de lutadores e lutadoras de todo o país que passaram por lá, trazendo abraços, solidariedade, calor humano. 

Aquela esquina da vigília em um bairro pacato, a partir da sua prisão política, virou um dos centros da luta e da resistência contra o golpe no País. A Vigília foi também um desenho da democracia participativa que ainda queremos construir. Rodas de Conversa, refeições coletivas todos os dias, doações, debates, cultura, apresentações e ações. 

Não há ainda livro capaz de registrar tudo o que aconteceu diariamente naquele pequeno congresso popular da legítima resistência. A pluralidade e cores dos atos inter-religiosos de todos os domingos é o reflexo do País que devemos ser, sem intolerância, sem machismo, racismo, LGBTfobia e sem toda essa perseguição ao nosso povo que vemos nos dias de hoje. 

Às vezes lotada de gente nos dias de ações, ou então com bravos militantes no cotidiano, de domingo a domingo, a cada bom dia, boa tarde e boa noite presidente Lula, a Vigília Lula Livre foi uma experiência organizativa da classe trabalhadora brasileira. Ficará para a História das lutas de nosso povo. 

A Vigília aprendeu com as suas mensagens, com o seu ânimo mesmo numa situação tão desfavorável. Com a capacidade de persistência e crença na luta política. E a Vigília também ensinou que a solidariedade é o principal valor dos revolucionários. É o mesmo valor que temos visto nas ações de solidariedade em cada periferia desse país em tempos de profunda crise. Não é a direita, não é o neofascismo que está em cada bairro contribuindo para amenizar a fome ou ajudando a organizar o povo. Somos nós, os filhos da Vigília, uma geração de militantes que enfrenta e tem diante de si os desafios de uma crise de destino da nação. São os movimentos populares e sindicais ali presentes os portadores da mensagem de necessária reforma agrária e soberania alimentar para nosso povo. 

Uma geração que cresceu em um País extremamente desigual, mas que viu desde 2003 o seu governo apontar um sentido de futuro. Uma perspectiva. 

Hoje vivemos um período de ataques contra os trabalhadores e trabalhadoras, de tentativa de retirar o papel do Estado nos investimentos públicos, e de ataques contra a democracia. E mesmo assim, sua mensagem a cada quinta-feira, nos dias de visitas de personalidades, era uma mensagem nítida, e estimuladora sobre a necessidade de retomada de um projeto de País, cujos empregos e indústria estavam sendo destruídos por Fake news, Lava Jato e pelo neofascismo. 

A sua tenacidade, de quem suportou finais de semana sem uma única visita, em situação de solitária, que encarou dolorosas perdas de entes queridos, foi inspiradora para crescer as vozes de indignação também em outros países. 

Vemos a retomada da democracia na Argentina e na Bolívia, a resiliência do povo chileno há um ano nas ruas até a aprovação de uma necessária Constituinte. 

Companheiro Lula, estamos novamente ombro a ombro. A pandemia nos impõe o necessário distanciamento social, mas os nossos sonhos seguem cada vez mais próximos. O que parece distante, pode ficar perto. O que é derrota, pode virar um contra-ataque, o que parece solidão, pode dar lugar ao reencontro dos companheiros. 

Os milhares de militantes que passaram pela Vigília Lula Livre estão dispostos para reconstruir o Brasil.

O que era visto como uma prisão e um longo período de inverno, abriu a chance do sol naquele 8 de novembro de 2019. Aqueles abraços e choros do dia 8 de novembro, seguem em nós como sementes para  reconquistarmos um País desenvolvido e justo com aqueles que mais precisam, para construirmos o Brasil de nossos sonhos.

Um forte abraço dos companheiros e companheiras da Vigília Lula Livre 

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