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Tereza Campello: Fome no Brasil é decisão política

Ex-ministra lembra que Lula mostrou ser possível superar a fome, mas para isso é preciso que o governo entenda a questão como prioridade


Tereza Campello: Fome no Brasil é decisão política

A partir das políticas implementadas por Lula, o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU / Foto: Ministério do Desenvolvimento Social

No último sábado (20), Tereza Campello, economista e ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome durante o governo da presidenta Dilma Rousseff, participou do programa Bom dia 247, comentando as últimas declarações de Jair Bolsonaro. Durante um café da manhã na sexta-feira (19), o presidente afirmou que não há fome no país. “Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira”, declarou. Bolsonaro ainda disse que tratar a fome como uma questão real “é discurso populista, tentando ganhar simpatia popular”.

Tereza Campello aponta que, ao ignorar a existência do problema, o presidente retira da responsabilidade do Estado sua solução. A ex-ministra ainda destaca que a superação da fome e da insegurança alimentar é possível — como os governos Lula demonstraram —, mas que para isso é preciso vontade e prioridade política.

Fazendo um resgate histórico, Tereza lembra que a fome é uma presença constante em 500 anos de Brasil. Muitos foram os motivos já apontados para justificar essa realidade: o clima, a seca, a preguiça do brasileiro. No entanto, nenhuma dessas explicações se sustentam quando se observa a evolução do quadro alimentar no país a partir da eleição de Lula à Presidência da República. Entre 2002 e 2014, o número de famintos no país caiu 82% — a parcela da população subalimentada passou de 9% para 1,7%, caracterizando a saída do Brasil do Mapa da Fome da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a  Agricultura). 

Tereza explica que essa redução drástica só foi possível graças ao tratamento dado pelo governo federal à questão: Lula criou o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, elaborou o Fome Zero, além de ter investido em políticas públicas e medidas com impacto direto no combate à fome, como o Bolsa Família, o fortalecimento da agricultura familiar, a valorização do salário mínimo, a geração de empregos e a recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). 

Pelo sucesso das políticas desenvolvidas e viabilizadas por Lula, o Brasil virou referência da FAO no combate à fome. No entanto, segundo Tereza, todo o esforço feito pelo ex-presidente e sua sucessora, Dilma, vem sendo destruído desde o golpe parlamentar de 2016, por meio dos boicotes e da crise política instaurada. Com Temer a pobreza e, consequentemente, a fome já começaram a dar sinais de crescimento.

Já mais recentemente, Bolsonaro extinguiu o Consea, acabou com a política de valorização do salário mínimo, tirou o “Combate à Fome” do nome do Ministério, e ainda não apresentou projetos para redução do desemprego, que já atinge quase 14 milhões de brasileiros. Dessa forma, as previsões da FAO de que o Brasil estaria voltando ao Mapa da Fome devem se confirmar em breve. 

Outro ponto alarmante levantado por Tereza diz respeito à Reforma da Previdência. Com o drama do desemprego, muitas famílias passaram a contar com a aposentadoria dos idosos para fechar as contas do mês. Com a destruição da rede de proteção social aos aposentados, a situação dessas famílias tende a piorar nos próximos anos. 

Tereza vê com preocupação o futuro da população brasileira, sobretudo das camadas mais vulneráveis, e entende que, para impedir que os retrocessos avancem rumo aos níveis de décadas passadas, é preciso fazer a disputa da sociedade, trazendo à luz o que o governo tenta invisibilizar.   

Assista na íntegra o Bom dia 247 deste sábado:

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